1º Intercâmbio de Organizações e Coletivos dos Territórios 01 e 02 debate experiências e desafios da Economia Popular Solidária para o fortalecimento das comunidades atingidas 

Promovido pela ATI Cáritas Diocesana de Itabira, o encontro reuniu representantes de grupos, formais e informais dos Territórios de Rio Casca e Adjacências e do Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento, com intuito de contribuir para o fortalecimento e organização desses coletivos

A ATI prestada pela Cáritas Diocesana de Itabira promoveu, no último dia 27, no Parque Estadual do Rio Doce (PERD), o 1º Intercâmbio de Experiências das Organizações e Coletivos dos Territórios 01 (Rio Casca e Adjacências) e 02 (Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento). O encontro teve a participação de Rodrigo Vieira, da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, que também abriu um diálogo sobre a importância da Economia Popular Solidária para a retomada econômica e o fortalecimento organizativo nos territórios atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. 

O Intercâmbio reuniu 73 pessoas atingidas representantes de 35 grupos e coletivos, formais e informais, com atuação nos territórios atingidos em diversos segmentos, como agricultura familiar, artesanato, associações comunitárias, entidades com atuação na promoção da inclusão social, entre outros. O espaço contou com uma “Tenda de Saberes”, com a exposição de diversos produtos levados pelos participantes, para representar suas respectivas organizações ou coletivos. 

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Nos últimos meses, a assessoria promoveu diversas atividades junto às organizações, grupos e coletivos dos Territórios 01 e 02, como assessoramento técnico na formalização e regularização de associações comunitárias e oficinas de elaboração de projetos comunitários. Agora, com a realização do Intercâmbio, foi possível estabelecer a troca de vivências, como explica Luana Hanauer, coordenadora da equipe de Organização Social e Retomada Econômica da ATI Cáritas Diocesana de Itabira. “A realização deste primeiro Intercâmbio surgiu do olhar atento das lideranças, que identificaram que era preciso criar um espaço para que as organizações, formais e informais, pudessem trocar suas experiências. Também, criar caminhos comuns para a elaboração dos projetos comunitários. Historicamente, essas organizações mobilizam, pautam e defendem os interesses dos povos, nos Territórios 01 e 02. Então, esse Intercâmbio surge a partir das organizações para que possam seguir tecendo e fortalecendo suas redes de solidariedade”.  

Há uma demanda muito grande das entidades por capacitação, principalmente na produção e na elaboração de projetos. Através de eventos como esse fomentam a integração e a participação dos grupos, que por meio da troca de experiências possam alcançar o termo comum que é a economia solidária”, disse Eliane Caldeira Soares, da Rede Colaborativa do Vale do Rio Doce, moradora de Timóteo.

A importância da Economia Popular Solidária para a retomada econômica nos territórios atingidos   

A retomada econômica nos territórios atingidos é um dos principais desafios do processo de reparação. Neste primeiro Intercâmbio de Experiências, as organizações e coletivos dos Territórios 01 e 02 puderam dialogar sobre a Economia Popular Solidária, a partir do debate facilitado  por Rodrigo Vieira, da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, que apresentou como o modelo de economia popular solidária por contribuir na geração de renda e também na organização coletiva das comunidades. 

A economia solidária é uma forma de empoderamento das comunidades, porque a partir dela os atingidos terão que se unir para construir seu empreendimento coletivamente, tomar suas decisões coletivamente. Então, eles vão crescendo no processo de tomada de decisão, no processo de democracia. Assim, eles vão chegar no momento de gerar renda e de retomar o modo de vida de maneira autônoma”, explicou Rodrigo.   

Ao longo do encontro, os participantes puderam apontar observações sobre as realidades locais nos territórios, reforçaram a importância da troca de saberes, mas também colocaram as dificuldades enfrentadas por suas organizações ou coletivos, como também críticas ao atual ao próprio processo de reparação. 

“Vejo que todo mundo está na mesma linha de raciocínio. Inclusive, a gente conversou no sentido de se unir. Somos uma associação comunitária e, inclusive, estamos formalizando ela. Nosso maior desafio é fazer os projetos e os programas chegarem diretamente para a gente. Eu imagino que esses programas vão chegar primeiro na sede do município, porque na zona rural, nas comunidades que estão diretamente no rio, eu acho muito difícil chegar. A documentação que eles pedem é pesada e a gente não tem condições de arrumar tudo o que eles pedem. Por isso, estamos nos organizando”, disse Milton Braga Dias, da Associação Ribeirinha da Biboca, da comunidade de Biboca, em São José do Goiabal. 

“Nosso maior desafio é que a gente trabalha muito, mas a gente não tem renda. A gente trabalha por gostar, por estar com o povo, por animação mesmo. Quando temos as encomendas maiores, aí temos renda. Tirando isso, com o dinheiro que entra a gente só compra outros materiais. O nosso trabalho é pura economia solidária e esse encontro de hoje foi importante, aprendemos muito, para fortalecer o nosso trabalho”, disse Nair Augusta Lana Freitas, representante do Grupo das Artesãs do Rio Doce, da comunidade de Baixa Verde, em Dionísio.

“Este Intercâmbio mostra a importância que essas organizações têm, porque esse trabalho de vocês vai além do trabalho da nossa Assessoria Técnica, pois a ATI é temporária, mas as organizações de vocês permanecerão nos territórios”, ressaltou Lucimere Leão, coordenadora de Relações Institucionais da ATI Cáritas Diocesana de Itabira. 

Conforme a Cáritas Brasileira, a Economia Popular Solidária “é uma importante articulação que integra campo, floresta e cidade na construção de alternativas que gerem processos coletivos e autogestionários, visando a inclusão social e produtiva de pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade, com difícil acesso ao mercado de trabalho. É uma estratégia de desenvolvimento territorial, sustentável e solidário fundamentada na organização coletiva de trabalhadores e trabalhadoras”. 

O Intercâmbio é parte das ações da ATI Cáritas Diocesana de Itabira, no sentido do fortalecimento organizativo dos grupos e coletivos, formais e informais, em conformidade com, por exemplo, os Anexos 05 e 06 do Acordo de Repactuação.  Ao final, todos(as) que estiveram no Intercâmbio representando organizações e coletivos receberam um certificado de participação. 

Assista ao vídeo completo sobre o 1º Intercâmbio de Experiências das Organizações e Coletivos dos Territórios 01 e 02.

Quer saber mais sobre o que é a Economia Popular Solidária? clique no link a seguir: https://caritas.org.br/area-de-atuacao/eps

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