Pessoas atingidas dos Territórios 01 e 02 participam de 3º módulo do curso de formação em Direitos Humanos

Nos dias 01 e 08 de fevereiro, as Comissões de Atingidos(as) dos Territórios 01 (Rio Casca e Adjacências) e 02 (Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento) participaram do 3º módulo do Curso de Formação em Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCA).

Neste módulo, a ATI debateu sobre a realidade das comunidades, seus modos de vida e a defesa dos direitos das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão. Além de refletirem sobre os direitos humanos, econômicos, sociais e ambientais, as pessoas atingidas conversaram sobre o direito de continuarem se relacionando de acordo com suas práticas culturais e modos de vida. 

Foi apresentada a importância de reivindicar o respeito às práticas cotidianas, às tradicionalidades e à manutenção da forma como as pessoas vivem em suas comunidades. Diversas dessas práticas, como a pesca, o cultivo de determinados alimentos, a lida na natureza, e outras, foram interrompidas após o rompimento da barragem de Fundão.

Além disso, a ATI também dialogou sobre o papel das mulheres nas comunidades, que são, em geral, as responsáveis por se organizarem na busca por direitos. As mulheres são fundamentais na luta e garantia de direitos e, por isso, a importância da sua representatividade nos espaços de decisão.

Camila Siqueira, moradora atingida de Sem Peixe, comenta que é muito importante aprender sobre os direitos humanos e levar esse conhecimento para a sua comunidade: “Milhares de pessoas são diferentes. As histórias são diferentes, o conhecimento também é. Nós temos direito de defender o direito que nós temos do rio, porque o rio não é de um só, não, e, sim, de quem tinha a felicidade de ir pescar nele, de levar as crianças para brincar. Os cursos [promovidos pela Cáritas] deixam nós ainda mais animados, porque as pessoas estão se mostrando com mais liberdade de comunicação e estão cada dia mais animados em conhecer e entender mais sobre direitos humanos. Eu vim pra ter mais conhecimento e aprender mais, porque acho muito importante a gente ter esse conhecimento, não só pra gente, e sim levar esse conhecimento pra nossa comunidade. Muitas pessoas nem sabem que seus direitos podem estar sendo violados”. 

O curso foi desenvolvido pela ATI prestada pela Cáritas Diocesana de Itabira para dialogar com as pessoas atingidas sobre os direitos que todos os(as) cidadãos(ãs) possuem e quais os caminhos para sua efetivação. Em todos os módulos, o debate abordou o processo de reparação da Bacia do Rio Doce, com situações do cotidiano das pessoas atingidas participantes.

Com o tema: “Construindo direitos: instituições, participação popular e elaboração de instrumentos jurídicos”, o 4º módulo do Curso está previsto para acontecer no mês de março.

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