Segundo ciclo de assembleias aconteceu em cinco comunidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão
No mês de Abril, a equipe da Assessoria Técnica Independente da Cáritas Diocesana de Itabira realizou a segunda rodada de assembleias de apresentação da ATI e escuta das comunidades atingidas. A segunda leva de reuniões aconteceu em comunidades de São Pedro dos Ferros, Caratinga, São Domingos do Prata, Córrego Novo e Raul Soares, completando assim o acesso a 75 localidades dos 13 municípios atendidos pela ATI nos Territórios de Rio Casca e Adjacências e no Parque Estadual do Rio Doce e entorno.
A continuidade das reuniões se deu após um intervalo para sistematização dos resultados obtidos nas primeiras assembleias, que aconteceram entre os dias 28 e 31 de março. As novas assembleias reuniram 667 pessoas divididas em seis encontros. No total, somando as duas rodadas, foram 12 reuniões que alcançaram a participação de 2.736 atingidos e atingidas nos 13 municípios assessorados.
As atingidas e os atingidos puderam entender melhor como serão os trabalhos realizados pela Cáritas Diocesana de Itabira, relembrando pontos centrais do processo de reparação desde o rompimento da barragem de Fundão, ocorrido há mais de sete anos.
Além disso, foram divulgadas também informações sobre como está organizada a equipe da Assessoria Técnica Independente (ATI), onde estão localizados os pontos de apoio e os escritórios para atendimento em Revés do Belém, Pingo D’Água, São José do Goiabal e Sem Peixe.
Ao longo das atividades, reclamações das atingidas e dos atingidos sobre os danos sofridos desde o rompimento da barragem foram frequentes. Em Cordeiro, comunidade do município de Caratinga, moradores comentam que a produção de agricultura familiar foi prejudicada e lamentaram pelos danos causados no território. “As plantas morriam quando eram cuidadas com a água da região. O nosso lençol freático acreditamos que está contaminado por metal pesado, acho que todo mundo aqui de Cordeiro está nessa situação.” relata o atingido da comunidade de Cordeiro, em Caratinga.
A falta de respostas por parte de advogados, empresas mineradoras e a dificuldade de avanço dos processos judiciais também gera ansiedade na comunidade. "O advogado vem aqui, faz o cadastro, depois a gente tenta falar e ele não responde nossas ligações. Tem uns dois meses que o advogado não fala mais nada", comentou outra pessoa atingida da comunidade de Cordeiro, em Caratinga.
Ana Paula dos Santos, Coordenadora Institucional Metodológica da Cáritas Diocesana de Itabira na Assessoria Técnica Independente, reforça a preocupação que recaem hoje nas comunidades atingidas devido ao rompimento: “Há um compromisso da Assessoria Técnica em sistematizar o que as pessoas atingidas tem apresentado sobre a situação em que vivem hoje e como, passados sete anos, não foram reparados os danos sofridos pelo rompimento da barragem de Fundão e precisam ser visibilizados."
Ela também ressalta que mesmo regiões mais distantes do Rio Doce podem ter sido afetadas: “passado o rompimento, as enchentes de 2020 e 2021 levaram lama onde não havia. Então, essas pessoas também foram atingidas e muitas delas não foram cadastradas, muitas não tiveram acesso às informações de como poderiam acessar os seus direitos. A chegada da assessoria técnica agora ajudará a entender qual é a situação real dessas comunidades”, conclui.
Gostou? Assista também ao vídeo para saber mais como foi a primeira rodada de assembleias: