Equipe Socioambiental da ATI da Cáritas Diocesana de Itabira realiza visitas Técnicas para monitoramento de enchentes em comunidades dos Territórios 01 e 02

A equipe técnica da ATI coletou dados sobre as características ambientais e geográficas e conversou com moradores locais para entender os riscos e desafios enfrentados pelas comunidades neste período do ano. 

No intuito de mapear e coletar informações de geoprocessamento, a equipe socioambiental da Assessoria Técnica Independente (ATI) da Cáritas Diocesana de Itabira realizou visitas técnicas nos dias 12 e 13 de janeiro de 2024. As ações se concentraram no monitoramento e previsibilidade de enchentes nas comunidades dos Territórios 01 e 02, bem como na análise das condições de operação da hidrelétrica Risoleta Neves, em Santa Cruz do Escalvado.

A equipe técnica realizou as atividades no distrito de Cava Grande (Marliéria), em Baixa Verde (Dionísio) e em Águas Férreas (São Pedro dos Ferros)  para analisar os efeitos das enchentes ocorridas nos últimos anos. Os dados coletados serão utilizados para avaliar os riscos de ocorrência de novas enchentes em comunidades que historicamente sofrem com inundações.

A coleta de dados aconteceu por meio de conversas com os moradores das localidades visitadas e do registros de informações geográficas e imagens. A partir dos relatos sobre o histórico das enchentes na região, foi possível perceber de que maneira as mudanças do clima tem acentuado os efeitos das chuvas nesta época do ano. Ressalta-se que o melhor entendimento sobre os riscos e desafios enfrentados por essas comunidades contribui com proposições mais efetivas sobre quais estratégias podem ser implementadas para prevenir danos ou serem mais eficazes em períodos chuvosos.

Nível das águas do ribeirão Belém em Cava Grande (Marliéria) Foto: Pedro Caldas / Cáritas Diocesana de Itabira

Comunidades atingidas sofrem danos após fortes chuvas 

A ocorrência de enchentes é uma preocupação constante neste período do ano para as comunidades atingidas da região, pois o revolvimento de elementos químicos presentes na água podem agravar sua qualidade e afetar seu uso, seja para pesca, para o consumo ou para outra finalidade relacionada aos modos de vida que as comunidades mantêm com o rio.

O ribeirão Belém, principal afluente do distrito de Cava Grande, em Marliéria, registrou a marca de 51 mm de chuvas em menos de dois dias, segundo nota divulgada pela Defesa Civil do município em 08 de janeiro de 2024. Durante a visita aos locais atingidos pelas fortes chuvas, os assessores da ATI puderam verificar o acúmulo de lama em ruas e casas, além do trabalho de contenção das margens do leito realizado pela prefeitura. Os moradores, entretanto, relatam que a recorrência das chuvas nesta época do ano faz com que as obras de reparo não sejam suficientes para impedir os alagamentos. Na Ilha de Zé Inácio, em Dionísio, a equipe técnica da ATI analisou o nível das águas do Rio Doce levando em consideração as chuvas dos últimos dias. 

Outra comunidade que vem sofrendo com os danos das chuvas nos últimos anos é Águas Férreas, em São Pedro dos Ferros. Desde 2017, há relatos de que parte da comunidade já ficou debaixo d’água e boa parte dos moradores já perderam seus pertences em alguma das enchentes. Como consequência, foi possível verificar a existência de várias ruínas de casas que no passado foram atingidas pelas inundações, sem que houvesse condições para a reconstrução das moradias. Em outros casos, ainda hoje é possível visualizar a marca, em paredes e muros, de até onde a água alcançou, atingindo até 4 m de altura e em distâncias de aproximadamente 100 m do leito do rio.

A Hidrelétrica Risoleta Neves, entre os municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, também atingida pelos rejeitos de minério. Foto: Pedro Caldas / Cáritas Diocesana de Itabira

O Coordenador da equipe de socioambiental, Luiz Eduardo Macedo, destaca a importância das análises de georreferenciamento na prevenção de enchentes, além de instrumentalizar as pessoas a respeito das áreas de maior risco e quais também são os locais seguros. “Esperamos que o produto gerado pela ATI seja lido e utilizado por outros atores dentro do cenário dessa governança sobre situações de desastre, como acontece aqui em relação às enchentes que também está vinculada com situações relacionadas à saúde pública, a exemplo a presença de arboviroses, que são: Dengue, Zika, Chikungunya. Então, o que a gente espera é descrever, notificar e buscar entender os motivos pelos quais essas enchentes acontecem e assim ajudar para que o sistema favoreça mais as pessoas.”

O assessor técnico da equipe Socioambiental, Robson Batista,  reforça que “a ATI tem atuado no sentido de coletar informações e levar esses dados para as pessoas atingidas sobre esses períodos de cheias dos rios, que exige cuidados e orientações para que elas consigam lidar melhor com esses eventos.”

Agora, as informações produzidas a partir dessas visitas serão consolidadas em relatórios técnicos e outros produtos, que serão compartilhados com as comunidades, governos e instituições de justiça.

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