A atividade contou com a participação de pessoas atingidas dos territórios de Rio Casca e Adjacências (Território 01), Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento (Território 02) e Governador Valadares (Território 04) e foi um importante momento de troca de experiências
No último domingo (23), a ATI prestada pela Cáritas Diocesana de Itabira realizou a troca de sementes crioulas, do projeto Sementes da Gente, durante a festa da colheita, realizada na comunidade atingida Fazenda Pirraça, em São Pedro dos Ferros.
As sementes com diversas variedades de milho, feijão e arroz foram recebidas via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal e estão sendo distribuídas pela ATI Cáritas Diocesana de Itabira, com apoio do Movimento Camponês Popular, em comunidades assessoradas ao longo dos 13 municípios atingidos. Uma iniciativa que tem como objetivo incentivar a produção agroecológica sustentável nas comunidades dos Territórios de Rio Casca e Adjacências e do Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento.
O espaço contou com a participação de agricultores e agricultoras atingidos(as) de diversos municípios, que também levaram mudas e sementes para o momento de partilha como: milho, feijão guandu, fava, girassol, quiabo, abóbora, moranga, macadâmia, jambo, palmeirinha e mudas de amora e de manjericão.
“Com essa ação, a Cáritas Diocesana de Itabira espera dar um impulso à produção agroecológica, implementando o já consolidado projeto ‘Sementes da Gente’ e abrindo espaço para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar nos territórios.” destaca Maurílio Batista, assessor técnico da equipe de Ciências Agrárias da ATI.
Além das sementes, os(as) agricultores(as) também receberam uma cartilha produzida pela ATI com informações sobre como multiplicar e conservar as sementes. Também, todos e todas que receberam as sementes fizeram o compromisso de devolver, após a colheita, o dobro das sementes recebidas, como forma de dar continuidade ao projeto em outras comunidades.
“No meu ponto de vista, acho muito bom a troca de sementes, porque eu acho muito importante a gente conhecer um pouco mais de variedade de coisas naturais que fazem muito bem a nossa saúde e é um jeito da gente compartilhar essa experiência com outras pessoas.” diz Camila Siqueira, moradora atingida de Sem Peixe.
“Gostei muito, achei muito interessante. Nunca tinha visto algo assim. Para a gente ter no dia a dia, na horta, dividir, compartilhar com os vizinhos. Foi maravilhoso!” Contam Maria da Conceição Rocha e Ana Maria Lopes, moradoras atingidas da Fazenda Pirraça, em São Pedro dos Ferros.
Passe para o lado e veja todas as imagens da troca de sementes a seguir:
Entenda mais sobre as Sementes Crioulas
São sementes cultivadas, desenvolvidas, adaptadas, selecionadas e produzidas por agricultores(as) e povos tradicionais ao longo de muitos anos.
Diferente das sementes compradas em casas agropecuárias, modificadas em laboratório, as sementes crioulas passam por um processo de adaptação às condições da região onde são cultivadas (clima, chuva, solo, entre outros), o que faz com que sejam mais resistentes e menos dependentes de insumos agrícolas, como adubos químicos e venenos. Ou seja, são sementes menos exigentes quanto ao uso de adubos químicos, não exigem agrotóxicos e são mais resistentes às doenças.
Além disso, elas permitem o domínio da variedade pelos agricultores e, dependendo da região, elas também podem ser conhecidas como sementes da gente, antigas, locais, de paiol, da paixão, tradicionais, da liberdade ou da resistência.
Além da troca de sementes, a Festa da Colheita realizada pela comunidade contou com discussões importantes sobre a Repactuação, a conservação do meio ambiente, do solo e da água, bem como a manutenção dos festejos e tradições do território em que vivem.