A Dra. Carolina Morishita, que ocupa o cargo de Defensora Pública de Minas Gerais (DPMG), anunciou a transição da atuação feita por ela do Caso Rio Doce para o Ministério da Justiça
No dia 27 de maio, a Defensora Pública de Minas Gerais, Dra. Carolina Morishita, se reuniu com mais de 50 pessoas atingidas dos municípios assessorados pela Cáritas Diocesana de Itabira, em Bom Jesus do Galho (Revés do Belém), Caratinga (Cordeiro de Minas), Dionísio, Timóteo, Marliéria, Pingo D’Água, Córrego Novo, São José do Goiabal, São Pedro dos Ferros, Rio Casca, Raul Soares, Marliéria e Sem Peixe, além de membros da Assessoria Técnica Independente.
Foi um importante momento de diálogo da Defensora Pública junto às pessoas atingidas sobre a mudança de atuação e informação sobre o convite para trabalhar no Ministério da Justiça em Brasília, no Distrito Federal
Ela explicou que, neste novo cargo, continuará na busca pela proteção e defesa dos direitos das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, construindo caminhos para o fortalecimento do acesso à Justiça pelas pessoas atingidas.
“Embora eu não vá mais atuar no processo diretamente, vou continuar atuando na construção de direitos das pessoas atingidas. Com esse convite, a Defensoria Pública de Minas Gerais vai me ‘emprestar’ para o Ministério da Justiça, ou seja, eu vou continuar Defensora Pública, e depois que acabar essa nova tarefa lá, eu volto para Minas Gerais. Só que essa tarefa deve levar um tempo”, ressaltou.
Carolina afirmou, ainda, que a DPMG continuará atuando nos territórios através de uma outra pessoa, que ainda será selecionada. E afirmou que leva, de todo esse trabalho no Caso Rio Doce, um grande aprendizado sobre o que é o exercício da Defensoria Pública: estar no território com as pessoas atingidas e construir o processo de reparação. “Ainda tem muita coisa a ser feita, mas todos os avanços que a gente teve esses anos partiram do povo, por isso eu sigo confiante que aqui ainda vão ser, no processo, construídas muitas coisas muito boas. A gente só está mudando um pouco a nossa relação, mas não é de forma alguma uma despedida”, completou.
Na ocasião, a Coordenadora Institucional e Metodológica da ATI prestada pela Cáritas Diocesana de Itabira, Ana Paula dos Santos Alves, afirmou que ela irá contribuir muito no novo cargo, mas também fará muita falta no processo do Rio Doce “justamente pelo tempo que você esteve e pelo compromisso que sempre demonstrou com o povo atingido e com as Assessorias. A gente sabe que você é uma grande defensora dos direitos das pessoas e estamos torcendo, para quem vier, que tenha essa postura de empatia, carinho e respeito que sempre teve com o povo e com a gente”.
Pessoas atingidas dos Territórios 01 e 02 agradeceram a Defensora pelo trabalho realizado:
“Fico por um lado triste, porque é difícil a gente encontrar uma pessoa igual a senhora, é muito difícil a gente encontrar pessoas da sua índole, da sua generosidade, essa pessoa simples, humilde, que eu tive o prazer de receber aqui na minha casa. Abraço, força, o seu carinho todo especial. A gente sabe que vai ser bom, né? Não vai estar lutando só por nós, mas por todos, mas é uma grande perda pra nós. Que Deus te abençoe cada vez mais, te dê sabedoria, discernimento”.
Vera Lúcia Alves, Cordeiro de Minas (Caratinga)
“Os atingidos de forma geral tem muito a perder com a saída da senhora do processo. A empatia que a senhora tem com todos nós, eu senti muito isso principalmente quando estive em BH [para o debate público], todos demonstraram o carinho que têm pela senhora. Lamento muito e espero que essa saída seja mais na parte profissional. Que nessa etapa da sua vida a senhora tenha tanto sucesso e seja tão querida quanto foi aqui por nós”.
José Maria, São José do Goiabal
“Em primeiro lugar eu quero, em nome de todos, agradecer à Dra. Carolina pela sua presteza e seu trabalho bonito juntamente conosco. Construímos um tempo muito bom. É verdade a nossa grande expressão de sentimentos por estar aqui despedindo de você, mas a gente despede na certeza do seu dever cumprido, na certeza de que você nos ajudou em tudo o que pôde nos auxiliar. Esperamos que Deus possa te conduzir e te ajudar. Vamos sentir muito a sua falta, mas o que fazer? É nos achegarmos a Deus e à pessoa que vai entrar no seu lugar, que tenha a generosidade e a capacidade que você tem. Todos nós desejamos a você uma bela caminhada”.
Edmilson Dutra, Pingo D’Água
“Desde a cabeceira do Rio Doce até a foz do Espírito Santo tem um mundo despedindo de você hoje, mas todos têm uma gratidão muito grande por você, você vai fazer muita falta. Esse é um grau a mais que você conquistou, que ele possa trazer também um ganho muito grande para o nosso Brasil, porque o seu trabalho é muito digno para com os atingidos e para com aqueles que precisam de apoio. Foi muito gratificante ter você aqui. Que Deus abra os seus caminhos. E não esqueça de nós não!”.
Silvio Martins, Pirraça (São Pedro dos Ferros)
Atingidas e atingidos dos territórios de Rio Casca e Adjacências e do Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento preparam vídeo com depoimentos de agradecimento pela atuação da Defensora Pública de Minas Gerais no Caso Rio Doce, assista: