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A ATI da Cáritas de Itabira promoveu três Rodas de Diálogo nos territórios 01 (Rio Casca e Adjacência) e 02 (Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento), realizando uma escuta participativa com as comunidades atingidas. Os encontros abordaram temas como: sistemas indenizatórios, cadastros, AFE, e questões ambientais como águas e peixes e uma roda de diálogo com as mulheres sobre trabalho, renda, e os danos econômicos sofridos após o rompimento da barragem de Fundão.
A Assessoria Técnica Independente (ATI) da Cáritas Diocesana de Itabira realizou, entre os dias 27 até 31 de janeiro, rodas de diálogo sobre temas como cadastros e sistemas indenizatórios, água e pesca e uma roda de diálogos com as mulheres.
As Rodas de Diálogo têm sido um lugar de conversas abertas e construtivas, que têm como objetivo estabelecer um canal direto entre a ATI e as comunidades atingidas. Esse diálogo mais próximo é essencial para entender as necessidades específicas, preocupações e anseios dos atingidos e atingidas, promovendo o direito de receber informações qualificadas do processo de reparação.
Veja como foi a atividade em cada uma das Rodas de Diálogo:
Roda de Diálogo com Mulheres da comunidade de Fazenda Barra Mansa (Rio Casca)
A Roda de Diálogo com Mulheres foi a primeira realizada pela ATI neste ano e aconteceu no dia 27 de janeiro, na Fazendo Barra Mansa, em Rio Casca. Durante a atividade, o diálogo foi focado na temática da auto-organização e em estratégias de fortalecimento da geração de renda das mulheres, que relatam uma série de danos econômicos pós-rompimento.
O encontro teve como objetivo entender a situação das mulheres trabalhadoras da comunidade e como o rompimento afetou o trabalho e renda das famílias para, a partir disso, com o auxílio da ATI, entenderem os possíveis caminhos e alternativas que possibilitem a retomada e o desenvolvimento da produção delas.
Thaís Teixeira, Assessora Técnica da equipe de Reativação Econômica da Cáritas Diocesana de Itabira descreve que a atividade é um passo importante e fundamental para que as mulheres da comunidade possam dialogar, junto da ATI, sobre como aperfeiçoar o que já é produzido por elas e melhorar a renda. “Um dos pontos principais que elas trouxeram foi: como elas podem se organizar? O que elas podem fazer para gerar renda e também ocupá-las no sentido da qualidade de vida e saúde mental. Então elas trouxeram pontos como as hortas, os quintais, a produção de quitandas, salgados e também pensando em formação como em bordado, costura, crochê que são coisas que elas já desenvolvem na comunidade mas gostariam de aperfeiçoar para poder comercializar e melhorar a qualidade de vida e da renda.”
Assista ao vídeo sobre a Roda de Diálogo com mulheres:
Sistemas Indenizatórios e ações de reparação
Na comunidade de Jurumirim, em Rio Casca, a ATI realizou a roda de diálogo sobre os sistemas indenizatórios, cadastros e outras questões do processo de reparação que geram dúvidas em boa parte da população atingida. Sendo assim, as Rodas de Diálogo servem para apresentar as informações de maneira didática e compreensível.
Participaram da atividade cerca de 60 pessoas atingidas, muitas delas relataram que não tiveram acesso aos sistemas indenizatórios ou alguma medida de reparação, além da falta de cadastro e de conhecimento sobre o processo de reparação integral.
De acordo com Raimundo Aparecido, de Jurumirim (Rio Casca), a atividade foi importante para a comunidade: “no meu ponto de vista foi bem favorável, várias pessoas tiraram dúvidas, inclusive eu tirei dúvida, o meu colega que estava do meu lado, então quer dizer, para mim foi bem satisfatório. Para mim o trabalho está sendo ótimo.“
Assista ao vídeo sobre a Roda de Diálogo sobre Cadastros, Indenizações e AFE:
Roda de Diálogo sobre Águas e Peixes
As Rodas de Diálogo sobre Água e Peixes aconteceram nos dias 30 e 31 de janeiro no distrito de Cordeiro de Minas (Caratinga) e em São José do Goiabal, respectivamente. Nelas, as equipes conversaram sobre as pesquisas de água e peixes realizadas pelo Instituto Lactec, que é uma instituição contratada pelo Ministério Público para elaborar, de maneira independente, o diagnóstico dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. Além disso, foi um momento para repassar as informações sobre os documentos divulgados pela AECOM do Brasil, empresa nomeada como perita judicial do Caso Samarco, que tratam da contaminação de alimentos, de produtos agropecuários irrigados com as águas dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce.
“Um outro objetivo dessas rodas de diálogo foi de divulgar também a cartilha de Água e Peixes elaborada pelas equipes de ciências agrárias e socioambiental, com a revisão da equipe do psicossocial. Durante a roda houve perguntas e dúvidas relacionadas ao tema, mas também com relação à saúde e questões jurídicas, devidamente esclarecidas pelas equipe da ATI.
Assista ao vídeo sobre a Roda de Diálogo sobre Águas e Peixes:
A importância desses espaços coletivos vai além de tirar dúvidas sobre situações cotidianas vivenciadas pelas pessoas atingidas, pois proporciona uma troca de informações, ampliando a voz e permitindo o acesso ao direito essencial que é participação informada no processo de reparação, bem como possibilita que as pessoas entender mais sobre qual é o papel da da ATI e a importância centralidade das pessoas atingidas no processo de reparação.
Confira as fotos da atividade no Flickr:
Assista aos vídeos disponibilizados no texto acima para saber mais como foi cada uma das atividades.